sexta-feira, 27 de maio de 2011

COM NOITE DAS SOLTEIRONAS E CARREGAMENTO DO PAU DA BANDEIRA, FESTA DE SANTO ANTÔNIO DE BARBALHA COMEÇA ESTE FINAL DE SEMANA

Uma festa popular de tradição secular, que atrai anualmente um público de 500 mil pessoas e é atração nacional para “encalhados” e “encalhadas” que sonham em se casar. Assim é a Festa de Santo Antônio de Barbalha, município cearense distante 610 km da capital, Fortaleza. O auge da festa, que teve seu marco inicial dia 13/5 e segue até 13/6, acontece este final de semana, com a Noite das Solteironas, no sábado, 28, e, no domingo, 29, o carregamento do Pau da Bandeira de Santo Antônio – um mastro de 23 metros e 2,5 toneladas, transportado ao longo de nove quilômetros nos ombros de 200 carregadores, como forma de penitência e tradição, até ser fincado no Patamar da Igreja Matriz.

O carregamento é acompanhado por uma procissão de centenas de milhares de pessoas, em uma tradição que une elementos sagrados e profanos, e que atrai especialmente quem sonha com casamento. São vários os rituais e simpatias capazes, segundo os participantes, de “remediar” até mesmo os mais longevos “encalhados”, pondo fim à “solteirice”.

A vontade de arrumar um bom partido leva milhares de moças a participar da Festa, tocando o Pau da Bandeira, sentando-se sobre ele e mesmo bebendo o chá produzido com pedaços da casca da árvore. Também não falta quem assine a bandeira com a imagem de Santo Antônio, para reforçar o pedido.

Para todos os públicos

Entre os moradores que garantem que tanta dedicação dá resultado, satisfazendo as moças aflitas pelos namorados e noivos que costumam resistir aos apelos para casamento, destaca-se dona Socorro Luna, famosa em Barbalha como a “solteirona” e uma das figuras populares de maior participação nos festejos de Santo Antônio. Este ano, dona Socorro animou-se por ter sido, na festa do dia 13/5, a primeira a tirar lascas do pau, destinadas à produção de chá e à continuidade das simpatias.

“Essa é a grande esperança. Isso aqui dá tanto matrimônio!”, exaltava, levando para casa pedaços da árvore. “Já teve casamento do Oiapoque ao Chuí. E agora, com a aprovação da lei do casamento dos homossexuais, eles vão ver que o chá da casca funciona também”, complementava, garantindo: “Santo Antônio não tem preconceito”.

Três palcos e 90 grupos na festa

Além do carregamento do Pau da Bandeira, dia 29/5, no dia 28 acontece a Noite das Solteironas, em que uma multidão cai na paquera, em busca de aproveitar as homenagens a Santo Antônio para, enfim, “sair do caritó”. Já no domingo, 29, após ser carregado no cortejo de nove quilômetros, o Pau da Bandeira será fincado em frente à Igreja Matriz de Santo Antônio, onde ostentará a bandeira sinalizando que a cidade está em festa, em louvor ao santo.

Os festejos a partir desse dia incluem desfile de 90 grupos folclóricos, em uma grande demonstração da diversidade artística e cultural de Barbalha. O público esperado na cidade é de 350 mil pessoas.

De 28/5 a 13/6 a cidade conta com três palcos: um no Largo do Rosário, um no Marco Zero e outro no Parque da Cidade. Sempre com programação musical até a madrugada, com direito a muito forró, com atrações de destaque local e nacional.

Os festejos religiosos, sociais e culturais, com trezenas, missas, quermesses, leilões, apresentações folclóricas, festas populares e uma vasta programação musical, se estendem até o dia 13, quando haverá celebração de missa de encerramento às 9 horas na Igreja Matriz e, a tarde, às 16 horas, cortejo com o carro-andor com a imagem do santo percorrendo as principais ruas da cidade.

Patrimônio cultural

A tradição do ritual profano que introduz as festividades em homenagem ao padroeiro de Barbalha se repete desde os anos 40 do século XVIII. Ação iniciada como ato de devoção e fé,onde os carregadores cumpriam promessas por graças alcançadas, o carregamento do pau da bandeira de Santo Antonio tornou-se um fenômeno cultural estudado por pesquisadores e intelectuais de várias partes do mundo, por ter se tornado uma “romaria” em que o simbolismo reunido em torno de um objeto de adorno a um Santo diminui as fronteiras entre sagrado e profano.

Este ano, está sendo lançado um documentário, dirigido pelo cineasta Rosemberg Cariry e produzido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que trabalha o tombamento do evento como patrimônio cultural brasileiro.

Fonte: Dawlton Moura

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