Pescadores ressaltam os problemas
burocráticos, e Capitania alega a falta de equipamentos de segurança
por João Lima Neto - Repórter
O trajeto carregando a imagem de São
Pedro seguiu, na manhã de ontem, do Mucuripe até as proximidades do Náutico
Atlético Cearense e depois os fiéis realizaram o percurso inverso ( FOTO:
NATINHO RODRIGUES )
Uma dos eventos
históricos mais tradicionais de Fortaleza vem perdendo força com o passar dos
anos. Iniciada em 1930, a Festa de São Pedro dos Pescadores recebia turistas,
famílias e várias embarcações de todos os tipos e modelos. Os festejos
realizados ontem, no ponto de saída dos barcos, no Mucuripe, ao lado do novo
Mercado dos Peixes, contou com apenas três embarcações. Segundo o capitão dos
Portos do Ceará, comandante Salema, da Marinha, os equipamentos foram os únicos
aptos a navegar e a apresentar segurança.
Os pescadores
afirmam que devido a problemas burocráticos as embarcações ficam
impossibilitadas de acompanhar São Pedro, em procissão no mar. "Até 2014,
o mestre da jangada podia levar alguém da família ou amigos. Neste ano, a
Capitania restringiu. Se o pescador levasse mais que cinco pessoas, ia gerar
uma multa que o proprietário, que já vive com dificuldades, não podia arcar",
diz Possidônio Soares Filho, presidente da Colônia de Pescadores Z8. O
presidente lembra que em 2014 existiam cerca de 15 barcos e no ano passado não
houve evento devido a entraves com a Marinha, além das más condições
meteorológicas.
Já o comandante
Salema destaca que "desde o início do ano a Marinha realizou várias
reuniões com os pescadores para conscientizar sobre a segurança, material de
salvamento e do não excesso de pessoas nas embarcações". Segundo o
oficial, a instituição fez um trabalho durante seis meses por medidas de
segurança. "O que foi pedido dos pescadores foram itens de equipamento de
salvamento como os coletes salva-vidas, além da documentação expedida junto à
Capitania dos Portos para verificar se a situação dos barcos está regularizada",
declara.
Como ocorre todo
ano, o trajeto carregando a imagem de São Pedro seguiu do Mucuripe até as
proximidades do Náutico Atlético Cearense e depois realizou o percurso inverso.
"O pescador tem em São Pedro o seu ícone maior e a fé e a esperança de
dias melhores para nós", diz Possidônio. A Festa de São Pedro teve início
na última segunda (27) e ocorre na Igreja de São Pedro dos Pescadores e no
calçadão da Beira-Mar até hoje. O evento tem missas, procissão, quermesses,
apresentações de quadrilhas, comidos típicas e bandas de forró pé-de-serra.
Tradição
A Festa de São
Pedro dos Pescadores, a igrejinha que leva o nome da festa e o seu entorno
representam, juntos, o primeiro bem imaterial registrado de Fortaleza. Para a
gerente da Célula de Patrimônio Imaterial da Secretaria de Cultura de
Fortaleza, Graça Martins, a invasão do mercado imobiliário distancia a
convivência dos pescadores. "Estamos pensando em integrar, ainda esse ano,
as escolas públicas da região para manter viva os ritos e tradições dos
pescadores. Estamos em conversa com a Colônia para ver como ocorrerá essa
junção". (Colaborou Nicolas Paulino)
ENQUETE
A festa precisa melhorar?
Fonte: Diário do Nordeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário