quinta-feira, 30 de junho de 2016

PROCISSÃO DE SÃO PEDRO NO MUCURIPE



Pescadores ressaltam os problemas burocráticos, e Capitania alega a falta de equipamentos de segurança


 por João Lima Neto - Repórter

O trajeto carregando a imagem de São Pedro seguiu, na manhã de ontem, do Mucuripe até as proximidades do Náutico Atlético Cearense e depois os fiéis realizaram o percurso inverso ( FOTO: NATINHO RODRIGUES )
Uma dos eventos históricos mais tradicionais de Fortaleza vem perdendo força com o passar dos anos. Iniciada em 1930, a Festa de São Pedro dos Pescadores recebia turistas, famílias e várias embarcações de todos os tipos e modelos. Os festejos realizados ontem, no ponto de saída dos barcos, no Mucuripe, ao lado do novo Mercado dos Peixes, contou com apenas três embarcações. Segundo o capitão dos Portos do Ceará, comandante Salema, da Marinha, os equipamentos foram os únicos aptos a navegar e a apresentar segurança.
Os pescadores afirmam que devido a problemas burocráticos as embarcações ficam impossibilitadas de acompanhar São Pedro, em procissão no mar. "Até 2014, o mestre da jangada podia levar alguém da família ou amigos. Neste ano, a Capitania restringiu. Se o pescador levasse mais que cinco pessoas, ia gerar uma multa que o proprietário, que já vive com dificuldades, não podia arcar", diz Possidônio Soares Filho, presidente da Colônia de Pescadores Z8. O presidente lembra que em 2014 existiam cerca de 15 barcos e no ano passado não houve evento devido a entraves com a Marinha, além das más condições meteorológicas.
Já o comandante Salema destaca que "desde o início do ano a Marinha realizou várias reuniões com os pescadores para conscientizar sobre a segurança, material de salvamento e do não excesso de pessoas nas embarcações". Segundo o oficial, a instituição fez um trabalho durante seis meses por medidas de segurança. "O que foi pedido dos pescadores foram itens de equipamento de salvamento como os coletes salva-vidas, além da documentação expedida junto à Capitania dos Portos para verificar se a situação dos barcos está regularizada", declara.
Como ocorre todo ano, o trajeto carregando a imagem de São Pedro seguiu do Mucuripe até as proximidades do Náutico Atlético Cearense e depois realizou o percurso inverso. "O pescador tem em São Pedro o seu ícone maior e a fé e a esperança de dias melhores para nós", diz Possidônio. A Festa de São Pedro teve início na última segunda (27) e ocorre na Igreja de São Pedro dos Pescadores e no calçadão da Beira-Mar até hoje. O evento tem missas, procissão, quermesses, apresentações de quadrilhas, comidos típicas e bandas de forró pé-de-serra.
Tradição
A Festa de São Pedro dos Pescadores, a igrejinha que leva o nome da festa e o seu entorno representam, juntos, o primeiro bem imaterial registrado de Fortaleza. Para a gerente da Célula de Patrimônio Imaterial da Secretaria de Cultura de Fortaleza, Graça Martins, a invasão do mercado imobiliário distancia a convivência dos pescadores. "Estamos pensando em integrar, ainda esse ano, as escolas públicas da região para manter viva os ritos e tradições dos pescadores. Estamos em conversa com a Colônia para ver como ocorrerá essa junção". (Colaborou Nicolas Paulino)
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A festa precisa melhorar?
Fonte: Diário do Nordeste

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